segunda-feira, 23 de maio de 2011

CRIAÇÃO COMERCIAL DA CARNE DO JAVALI


Notícias de Mercado
15/03/2011 | Assuntos econômicos,Cereais, Fibras e Oleaginosas

A invasão dos javalis

*Autor: Emanuel Alencar

Atividade hoje proibida, o abate do javali começa a ser defendido como solução para um problema que já tira o sono de ambientalistas do Rio.

Em alerta enviado à Secretaria estadual do Ambiente, o engenheiro agrônomo Rafael Salerno, coordenador de um grupo de trabalho sobre o tema em Minas Gerais, ressalta a necessidade de uma ação imediata para controlar a proliferação destes mamíferos em unidades de conservação fluminenses. E lembra que o javali (Sus scrofa), invasor de origem europeia, já atacou pessoas e causou danos a plantações. Além disso, pode ser hospedeiro de doenças, colocando em risco espécies nativas. O GLOBO apurou que já há registros de suídeos — animais resultados de cruzamentos, os “javaporcos” — no Noroeste Fluminense e na Região Serrana.

Rafael Salerno ressalta que a discussão está inserida em um terreno bastante polêmico, por se tratar de um animal bem quisto aos olhos da maioria — e de alto valor comercial —, ao contrário de outros invasores, como ratazanas e caramujos africanos.
— Não posso ser contra a garantia de sobrevivência dos pequenos produtores. Mas estamos diante de um sério problema, que poderá se agravar de nenhuma atitude for tomada. O javali é considerado uma das 100 piores espécies invasoras — afirma o estudioso, em referência à lista do Invasive Species Specialist Group (ISSG). — A taxa de reprodução destes mamíferos é muito alta. Estima-se que a população dobre a cada seis meses. Apenas para manter o número atual, seria necessário abater 70% da população anualmente. Além disso, com a população de onças cada vez mais reduzida, os javalis estão sem predadores.

APA de Friburgo tem mais de 600 javalis

A situação mais preocupante no estado é a da Área de Proteção Ambiental (APA) de Macaé de Cima, em Nova Friburgo. Um proprietário cria cerca de 600 javalis em uma fazenda dentro da unidade, o que é proibido por lei.

— Há um criadouro comercial que até hoje não apresentou a licença. O processo corre no Ibama e se arrasta há quase quatro anos. Em caso de fuga, podemos ter graves problemas — afirma o chefe da APA, Carlos Henrique Martins.

No Noroeste Fluminense, mais problemas. A secretária de Meio Ambiente de Porciúncula, Maria de Lourdes Alves de Souza, relata casos de destruição de cultivos.
— Os bichos estão acabando com as plantações. Os proprietários chegaram a fazer armadilhas, mas não conseguem controlar a proliferação. Para piorar, estão se misturando com porcos comuns, resultando em uma espécie bastante agressiva — diz ela.

Em 2005, o Ibama liberou, por instrução normativa, abate e captura dos javalis e porcos asselvajados no Rio Grande do Sul, estado com maior incidência da espécie no Brasil. Mas, ano passado, a decisão foi revogada. A argumentação: estudos mais aprofundados são necessários para se chegar a uma conclusão sobre a forma de controlar a praga.

— Não dá para entender esta postura do Ibama — critica Rafael Salerno. — Por que o órgão, sabendo que se trata de um animal exótico, invasor, proibiu o abate? javali não é uma espécie de caça no Brasil. É um animal nocivo e precisa ser abatido.

Andei procurando na internet o que dizem aqueles que apreciam esta carne, e encontrei elogios como, por exemplo, o de Andréa Pleti, nutricionista que comanda a cozinha do Petit Chatêau, referindo-se ao preparo da carne do javali, que diz: pode-se seguir um procedimento de preparo comum às carnes exóticas. “Indico uma marinada com alecrim, pimenta, alho, louro e vinho branco. Deixe a carne 24 horas nesta mistura. Após fazer isso, é só grelhar”, diz. Tanto em medalhões inteiros quanto em escalopes, que são pedaços pe­­quenos, a carne é delicada. “Tem de cuidar para que ela fique sempre macia, tocando-a sempre com o garfo, pois a cor engana (mesmo ao ponto, ela tende a se manter esbranquiçada)”, diz.


Já para Marcelo Morgado em uma matéria intitulada LEVE O EXÓTICO JAVALI PARA A SUA MESA, que disponibiliza várias receitas no site  Comércio do Jahu o sabor do javali possui espaço. Não é apenas nos cardápios sofisticados, que essa carne faz bonito. Na nossa casa também podemos fazer maravilhosas receitas com o javali, desde que obedeçamos às características de cada peça.

Do animal, podemos tirar o ossobuco, carré, costela e ainda o filé-mignon. E, ao contrário do que muita gente pensa, não são carnes duras ou insossas. Possuem grande maciez e são muito saborosas. Um exemplo disso é que a duração de seu cozimento é menor, se comparado a outros tipos de carnes. Em uma churrasqueira, por exemplo, enquanto uma costela de boi dura até quatro horas para ficar pronta, a de javali está pronta na metade desse tempo, aproximadamente.

Conversando com um dos meus filhos, escutei dele que havia comido uma linguiça feita com carne de javali, e que foi um dos melhores pratos que já havia degustado. Particularmente, não tenho nada contra a criação destes animais, porém, não defendo esta prática, por ser contra as nossas leis, por trazarem grandes prejuízos aos nossos agricultores, onde existam tais criações pela dificuldade de mantê-los em cativeiro, e principalmente, por saber que os porcos caipiras, quando alimentados adequadamente, e criados dentro de padrões de higiene, ao contrário dos suínos, nos forneçam carne com sabor exótico e tão saudável quanto estes.

 

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