A cisticercose
Por Luciano Roppa, Médico Veterinário, presidente da Nutron, empresa de nutrição animal.
A idéia errada de que a cisticercose é transmitida ao homem pelo consumo de carnes contaminadas (de suíno ou bovino) não passa de uma grande desinformação. Para entender melhor o que é esta enfermidade é preciso conhecer um pouco sobre as diferenças entre teníase e cisticercose.
A teníase ou Solitária é a doença causada por um parasita chamado de Taenia solium, no caso dos suínos, e Taenia saginata, no caso dos bovinos. As tênias precisam de dois hospedeiros para completar seu ciclo evolutivo. Um é o homem - o único hospedeiro definitivo (que abriga o verme adulto) - e o outro - chamado de intermediário (que abriga a larva) - pode ser um porco, um boi, carneiro, etc.
Ao comer carne crua ou mal passada de animais com cisticercose, o homem passa a desenvolver a doença chamada teníase ou "solitária", que pode passar desapercebida pela semelhança de seus sintomas com outras enfermidades (vômitos, mal-estar gástrico e gases). Três meses após a ingestão, o cisticerco evolui para a fase adulta, passando a se chamar Taenia. Ela se aloja no intestino delgado do homem, e começa a soltar anéis de seu corpo, contendo milhares de ovos.
Os anéis podem sair com as fezes ou se romper dentro do intestino, liberando os ovos que podem continuar vivos por até 300 dias do meio ambiente. A tênia pode viver até oito anos ou mais no intestino do homem, contaminando seguidamente os locais onde caírem suas fezes (pastagens, hortas, rios e lagoas).
Já a cisticercose é uma doença causada no hospedeiro intermediário pelas larvas da tênia. Os suínos, bovinos e o próprio homem adquirem esta doença ao comer verduras, frutas, pastagens ou ingerir água contaminada com os ovos da tênia. Depois de ingeridos, os ovos vão para o estômago e o intestino delgado, transformando-se em larvas, que se fixam nas vilosidades intestinais. A seguir, perfuram a parede intestinal e caem nos vasos sanguíneos, invadindo todo o corpo. A grande maioria fixa-se nos músculos e no cérebro, onde causa a chamada neurocisticercose, a forma mais grave da doença.
Portanto, a cisticercose não é causada pelo suíno, mas sim pelo próprio homem, que contamina as águas e os vegetais e até mesmo a si próprio. Ao ingerir carne mal cozida de bovinos ou suínos que contêm o parasita, o homem apenas desenvolverá a chamada solitária. O suíno, ao contrário, é vítima do homem, pois desenvolverá a cisticercose se ingerir alimentos ou água contaminados com fezes humanas. O homem adquire a cisticercose ao comer frutas, verduras ou água contaminados com suas próprias fezes.
É bom frisar, no entanto, que na criação intensiva atual, o risco de contaminação dos suínos é praticamente nulo, pois os animais são criados confinados em pisos de cimento, sem qualquer acesso à terra e às pastagens.
Conclusões
A carne suína disponível atualmente para o consumidor não merece os conceitos errôneos de que é gordurosa e faz mal à saúde. Ao contrário, trata-se de um alimento nutritivo e saboroso, muito equilibrado em sua composição, e que pela sua riqueza em nutrientes deveria ocupar um maior espaço na mesa do consumidor.
Os tabus e preconceitos que inibem seu consumo devem ser esclarecidos e desfeitos, para não privar a nossa população de um alimento tão gostoso e saudável. A carne suína é um alimento que atende às exigências do consumidor moderno e enriquece as refeições de maneira nutritiva, saudável e saborosa.
A carne suína disponível atualmente para o consumidor não merece os conceitos errôneos de que é gordurosa e faz mal à saúde. Ao contrário, trata-se de um alimento nutritivo e saboroso, muito equilibrado em sua composição, e que pela sua riqueza em nutrientes deveria ocupar um maior espaço na mesa do consumidor.
Os tabus e preconceitos que inibem seu consumo devem ser esclarecidos e desfeitos, para não privar a nossa população de um alimento tão gostoso e saudável. A carne suína é um alimento que atende às exigências do consumidor moderno e enriquece as refeições de maneira nutritiva, saudável e saborosa.